Serra da Canastra
A Serra da Canastra, além dos melhores queijos do Brasil, guarda cenários imaculados do cerrado brasileiro. Em agosto de 2021, reservamos três dias inteiros para conhecermos este local tão cativante, mas adianto que, se tivéssemos mais dias, atrações não faltariam
O Parque Nacional da Serra da Canastra localiza-se a 330km de Belo Horizonte (cerca de 4h30 de viagem). As melhores cidades para se hospedar são Vargem Bonita, mais próxima das Cachoeiras Casca D’Anta e Chinela e São Roque de Minas, mais perto da Portaria 1 do Parque - entrada mais próxima da nascente do Rio São Francisco. Optamos por ficarmos na aconchegante e bem localizada Pousada Velho Chico, em Vargem Bonita, cujos proprietários nos receberam de braços abertos.
Foi uma hospedagem muito agradável
e encantadora. Imagine abrir a janela do quarto pela manhã, com uma vista
destas.
Em nosso primeiro dia, após nos instalarmos, fomos à queijaria da Pousada para vermos a fabricação das peças pelo patriarca da família, Sr. Eduardo. Após degustarmos os maravilhosos queijos que fabricam: fresco, com meia maturação e maturado, seguimos para a pequena área urbana de Vargem Grande para almoçarmos.
A cidade estava vazia ao
ponto de assustar, muito provavelmente por ser início de baixa temporada e
devido à Pandemia de COVID-19. As estradas de terra estavam cobertas por uma
poeira fina de final de temporada seca. Imagino como ficarão os acessos após
chuvas torrenciais de verão.
Após alguns desencontros de indicações de restaurantes pelo TripAdvisor (os restaurantes não estavam onde o aplicativo indicava), encontramos um pequeno restaurante na pracinha da Igreja, chamado Maria Ana. Lá, a senhora que dá nome ao humilde estabelecimento nos recebeu com toda sua mineiridade, passando a couve na hora, mostrando como escorrer a carne de lata e dizendo “serve mais, gente!”. Sobre a comida, mineira, de vó, nem preciso dizer. Puro sabor e carinho.
De lá seguimos de carro até
a portaria de controle de acesso à Cachoeira da Chinela. Lá pagamos uma taxa de
R$15,00 por pessoa para seguirmos por uma trilha curta e fácil até a queda
d’água.
No segundo dia, acordamos
cedo e fomos à Portaria 4 do Parque, por onde se acessa a parte baixa da
Cachoeira Casca D’Anta, mais famosa queda d’água da Serra da Canastra. Esta,
que é a primeira cachoeira do rio São Francisco, possui 186 metros de queda
livre e impressiona, tanto por sua força quanto pelo cenário natural que a
guarda. Esta visita também pode ser feita por idosos bem dispostos e por
crianças, pois é curta e fácil.
Bem ao lado do início desta
pequena trilha, temos indicações para outra, rumo à parte alta da Casca D’Anta,
lá no alto da serra. Quando olhamos do pé da Canastra aquele paredão enorme
pensamos o quanto seria difícil e decidimos ir até onde conseguíssemos.
As indicações desta trilha falam
em nível “difícil”, mas eu a classificaria como “médio a difícil”. E não é que
conseguimos chegar até o topo! São cerca de 2h para subir e 1h30 para descer,
com partes bem complicadas e perigosas, estreitas e próximas a precipícios. Os
bônus ficam por conta das vistas que se tem no trajeto, além da flora
surpreendente.
Ao final da trilha, já no
topo da Serra, fomos recebidos por lindas árvores típicas do cerrado.
Para nós que conhecemos a
importância do Rio São Francisco para as 521 cidades que banha até desaguar no
oceano Atlântico 2.800km à frente, emociona vê-lo tão de perto e senti-lo em
seu berço.
A decida foi bem mais rápida
e marcou pela satisfação pessoal de termos cumprido tal façanha.
Esta trilha possui cerca de 4km por trecho e, a quem for se aventurar, deixo uma dica: leve bastante água e um lanche.
Fechando este passeio com chave de ouro, daquelas bem douradas, na volta à pousada encostamos o carro na estrada para assistirmos ao pôr do sol tomando uma taça de vinho.
Em nosso último dia de
viagem, fomos à Portaria 1 do Parque, localizada 8km após São Roque de Minas. A
estrada que nos leva ao topo da Serra é sofrível e imagino que seria complicado
se estivéssemos com um carro de passeio. Estávamos em um modelo 4x4, fortemente
indicado para estradas de terra em estado de conservação tão precário.
Assim que passamos pela
portaria, seguimos com o carro até a primeira atração: A nascente do São
Francisco.
Em seguida, fomos ao Curral
de Pedras.
Mais a frente, teríamos as trilhas para as cachoeiras do outro lado da Serra e, ao final do Parque, a parte alta da Casca D’Anta, que visitamos no dia anterior.
Resolvemos enfrentar a
trilha que leva até a Cachoeira do Fundão. Há quem diga que esta é ainda mais
bela que Casca D’Anta. Tenho minhas dúvidas. Ambas impressionam.
Esta trilha seria de somente
3km para ir e voltar, no entanto, as péssimas condições da estrada nos exigem
desembarcar do carro cerca de 3km antes do início da trilha, ou seja, para
vermos esta atração foram 9km de aventura.
Os últimos 500 metros contam
com trechos com corda e escada de madeira. Trilha complexa para inexperientes!
E a recompensa é esta:
Voltamos e fomos à atração
chamada Garagem de Pedra para assistirmos a outro pôr do sol de cair o queixo.
Jantamos em São Roque e,
atendendo ao clamor físico, fomos dormir. No dia seguinte, nada que um Dorflex
não resolva.
Esta foi uma viagem postergada devido à outras mais ansiadas. Finalmente, talvez por estarmos com tantas restrições, a Canastra tenha sido eleita. Hoje penso: como pude demorar tanto para conhecer tal maravilha, tão perto, tão fácil.
Adorei as dicas! Lugar daqueles que a gente tem que voltar =-)
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